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Estrutura jurídica para startups: segurança desde o primeiro dia

  • Foto do escritor: Di Sabatino Advogados
    Di Sabatino Advogados
  • 4 de ago.
  • 4 min de leitura

Startups e empresas inovadoras costumam nascer com poucos recursos, equipes enxutas e foco quase total no desenvolvimento do produto ou serviço. Em geral, tudo gira em torno de colocar algo novo no mercado o mais rápido possível. Nesse ritmo, é comum que a estrutura jurídica para startups seja deixada para ‘um segundo momento’, que muitas vezes só chega quando um problema já está em curso..


No entanto, a experiência mostra que decisões jurídicas mal (ou não) estruturadas no início da jornada podem comprometer seriamente o crescimento futuro. Conflitos societários, uso indevido de tecnologia, ausência de proteção da marca, passivos trabalhistas ou contratuais e informalidade com parceiros estratégicos são apenas alguns dos problemas que podem emergir justamente quando a empresa começa a dar certo.


Holograma em forma de escudo com cadeado e ícones de impressão digital representando proteção de dados, sobreposto à silhueta de profissional usando laptop em escritório pouco iluminado.

Este artigo inaugura uma série em que vamos explorar, de forma prática, como a assessoria jurídica pode contribuir para que negócios inovadores cresçam com segurança e previsibilidade.


O que significa "estrutura jurídica adequada" para uma startup ou qualquer negócio inovador?

Não se trata de formalismo excessivo nem de burocracia incompatível com a fase da empresa. Uma estrutura jurídica adequada, para uma startup ou negócio inovador, é aquela que:


  • oferece segurança suficiente para sócios, investidores e parceiros;

  • é proporcional à complexidade e ao estágio da operação;

  • evita conflitos e passivos evitáveis;

  • protege os ativos intangíveis que realmente importam.


A seguir, alguns pontos que ilustram bem essa lógica.


Estrutura jurídica para startups: relações societárias sólidas

Entre fundadores, costuma haver confiança e alinhamento no início da jornada. Mas não são raros os casos em que essa relação se desgasta com o tempo. A entrada de um novo sócio, a saída inesperada de outro, ou mesmo divergências estratégicas podem gerar impasses relevantes. Em muitos desses casos, a ausência de um acordo de sócios bem estruturado transforma conflitos cotidianos em disputas complexas.

Um bom acordo de sócios define, por exemplo:


  • quais decisões exigem unanimidade e quais podem ser tomadas por maioria;

  • como funciona a saída de um sócio, com ou sem venda de quotas;

  • qual a política de distribuição de lucros;

  • regras de não concorrência, confidencialidade e resolução de disputas.


Esse tipo de instrumento não trava a operação. Ao contrário, dá fluidez e previsibilidade às decisões.


Vesting e equity: preservar o compromisso no tempo

Outro ponto sensível é a distribuição de participação societária com base apenas em intenções futuras. Um cofundador que abandona o projeto depois de seis meses, mas permanece com 25% da empresa, pode se tornar um obstáculo à captação de recursos ou à tomada de decisões relevantes.


Mecanismos como o vesting, comuns em ambientes de inovação, permitem que o direito à participação societária se consolide ao longo do tempo, conforme o sócio permanece na empresa e entrega valor. É uma forma equilibrada de proteger quem constrói e evitar distorções na estrutura societária.


Propriedade intelectual: valor protegido desde o início

Muitos negócios inovadores baseiam seu diferencial competitivo em ativos intangíveis, tais como tecnologia, know-how, marca, algoritmo, base de dados. No entanto, é comum que esses ativos estejam desprotegidos: marcas não registradas, software desenvolvido por terceiros sem cessão formal, contratos frágeis de confidencialidade.


A formalização da titularidade e a proteção desses ativos, especialmente por meio de registro, cláusulas contratuais específicas e gestão estratégica da PI, são fundamentais para garantir que a empresa possa crescer, captar investimento ou até mesmo ser vendida sem questionamentos sobre quem detém o valor central do negócio.


Contratos: simplicidade não é o mesmo que ausência

Startups não precisam de contratos extensos e complexos, mas precisam de contratos. A informalidade nas relações com parceiros, fornecedores, clientes e colaboradores tende a funcionar bem enquanto tudo está indo bem — mas basta um descumprimento, uma entrega frustrada ou um conflito de interesses para que a ausência de cláusulas claras se torne um problema real.


Contratos bem redigidos estabelecem deveres e limites com clareza, ajudam a resolver disputas sem litígio e fortalecem a posição da empresa em futuras negociações.


O investidor olha para isso

Empresas que buscam investimento também devem considerar que fundos e investidores-anjo analisam cuidadosamente a estrutura jurídica da startup. Mesmo com produto validado e bom mercado, a presença de pendências societárias, ausência de registro de marca, contratos frágeis ou informalidade trabalhista pode comprometer uma rodada de captação.


A regularidade jurídica é parte da credibilidade empresarial.


Conclusão: inovar exige confiança, e confiança exige estrutura

A inovação, por definição, pressupõe risco. Mas isso não significa que tudo deva ser improvisado. Ao contrário: quanto mais inovador é o modelo de negócio, mais importante é garantir que as bases estejam bem postas.


A estrutura jurídica, quando bem construída, não limita a criatividade nem engessa a operação. Ela oferece segurança, alinhamento e clareza, três ingredientes fundamentais para qualquer empresa que deseja dar escala a seus negócios.


Nos próximos artigos desta série, vamos abordar de forma objetiva como a consultoria jurídica pode apoiar empresas inovadoras em temas como proteção de tecnologia, contratos com startups, investimentos, relações com o mercado e conformidade regulatória.


Se você está construindo algo novo, pense no jurídico não como um freio, mas como parte da fundação do seu projeto.


Texto por Fernando Di Sabatino.




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